Esse período vai ter o Brasil como centro de poder do vasto Império Português, status que seria perdido com a volta da corte para Lisboa. Porém, os brasileiros liderados pelos comerciantes de grosso trato não queriam ver restabelecidos os tempos e termos do pacto colonial, onde as colônias eram obrigadas a comercializar todas suas mercadorias através das metrópoles européias. Os comerciantes portugueses queriam justamente o contrario: restaurar a submissão do comércio brasileiro aos seus interesses. Os interesses conflitantes de dois grupos distintos de comerciantes, portugueses e baianos, foi o principal motivador
da guerra da independência da Bahia.
A volta rei D. João VI a Portugal, em 1820, foi uma das exigências da Revolução do Porto e parecia o inicio do processo de retomada dos termos do Pacto Colonial. A própria permanência de seu filho D. Pedro como Príncipe Regente era um claro sinal da tentativa de manter o Brasil submisso aos interesses metropolitanos. A pressão dos latifundiários e comerciantes brasileiros sobre D. Pedro para manter a autonomia usufruída durante a permanência da Família Real Portuguesa no Brasil se materializa com a permanência do príncipe no país, que teve como marco o Dia do Fico em janeiro de 1822 e culminou no grito do Ipiranga, em 7 de setembro do mesmo ano, realizando assim a proclamação da Independência do Brasil.
Mas quem pensa que a partir desse momento os portugueses se deram por vencidos, aceitando prontamente a extinção dos privilégios comerciais que tinham na sua mais importante colônia, se engana. Eles desistiram e a Bahia foi o palco da batalha que consolidou a autonomia do Brasil perante sua antiga metrópole, como nos disse de forma bela um dos maiores historiadores do Brasil, Braz do Amaral em sua História da Independência da Bahia:
“A campanha de independência (da Bahia, o 2 de Julho) é o primeiro ato de valor e a primeira prova de vigor e de capacidade dos brasileiros e o acontecimento de relevo digno de figurar na história de uma nacionalidade, porque forma o vinco de uma poderosa ação.
Sem ela, apenas os dois ditos do Fico e do Ipiranga que são apenas frases pronunciadas pelo príncipe D. Pedro, forçoso seria confessar ter sido a nossa independência uma cousa das que são referidas como quase banais, por deficiência de altruísmo e de provas de valor e grandeza”.
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