sexta-feira, 27 de junho de 2008

2 de Julho, a Batalha pela Bahia Passou Pelo Pelô – Parte I


O 2 de Julho, data da celebração da Independência da Bahia e consolidação da Independência do Brasil é o ponto alto de um processo que se inicia anos antes, com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil. Antes da instalação do reino no Rio de Janeiro, D. João assina aqui na Bahia, por influência do político liberal baiano Visconde de Cayru, o tratado de abertura dos portos às nações amigas.

Esse período vai ter o Brasil como centro de poder do vasto Império Português, status que seria perdido com a volta da corte para Lisboa. Porém, os brasileiros liderados pelos comerciantes de grosso trato não queriam ver restabelecidos os tempos e termos do pacto colonial, onde as colônias eram obrigadas a comercializar todas suas mercadorias através das metrópoles européias. Os comerciantes portugueses queriam justamente o contrario: restaurar a submissão do comércio brasileiro aos seus interesses. Os interesses conflitantes de dois grupos distintos de comerciantes, portugueses e baianos, foi o principal motivador
da guerra da independência da Bahia.

A volta rei D. João VI a Portugal, em 1820, foi uma das exigências da Revolução do Porto e parecia o inicio do processo de retomada dos termos do Pacto Colonial. A própria permanência de seu filho D. Pedro como Príncipe Regente era um claro sinal da tentativa de manter o Brasil submisso aos interesses metropolitanos. A pressão dos latifundiários e comerciantes brasileiros sobre D. Pedro para manter a autonomia usufruída durante a permanência da Família Real Portuguesa no Brasil se materializa com a permanência do príncipe no país, que teve como marco o Dia do Fico em janeiro de 1822 e culminou no grito do Ipiranga, em 7 de setembro do mesmo ano, realizando assim a proclamação da Independência do Brasil.

Mas quem pensa que a partir desse momento os portugueses se deram por vencidos, aceitando prontamente a extinção dos privilégios comerciais que tinham na sua mais importante colônia, se engana. Eles desistiram e a Bahia foi o palco da batalha que consolidou a autonomia do Brasil perante sua antiga metrópole, como nos disse de forma bela um dos maiores historiadores do Brasil, Braz do Amaral em sua História da Independência da Bahia:

“A campanha de independência (da Bahia, o 2 de Julho) é o primeiro ato de valor e a primeira prova de vigor e de capacidade dos brasileiros e o acontecimento de relevo digno de figurar na história de uma nacionalidade, porque forma o vinco de uma poderosa ação.

Sem ela, apenas os dois ditos do Fico e do Ipiranga que são apenas frases pronunciadas pelo príncipe D. Pedro, forçoso seria confessar ter sido a nossa independência uma cousa das que são referidas como quase banais, por deficiência de altruísmo e de provas de valor e grandeza”.

Texto: Álvaro Queirós/Menino do Pelô

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