sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Dia das Baianas de Acarajé


O Dia das Baianas de Acarajé foi pensado pela Bahiatursa, com o objetivo de promover o turismo homenageando a maior referência cultural de Salvador. A data, comemorada no dia 25 de novembro, prestigia as baianas desde a década de 80 e abre o calandário das festas populares na cidade. O sincretismo é a maior marca desse evento. Comemorado com uma missa onde centenas de baianas de acarajé, vestidas com suas roupas mais bonitas, lotam a Igreja dos Rosários dos Pretos, no Pelourinho, com cantos e toques do candomblé. "Fiquei surpreso positivamente por ver essa mistura no Brasil. Acho isso muito positivo, como humanista, acho que essa integração é ótima", declara o turista frânces Henry Pages. Para o pároco da igreja, Gabriel Santos, "a baiana do acarajé é um canal de religiosidade para o povo da Bahia e do mundo”. A notoriedade alcançada por algumas baianas de acarajé ao longo das últimas décadas tem feito muitas pessoas entrarem para o negócio de vendas do acarajé. Márcia Rejane é baiana de acarajé há 16 anos e filha-de-santo há 10, para ela as baianas são mais respeitadas atualmente e considera o dia das baianas muito importante. "Somos Patrimônio Histórico da cidade", afirma.
Antigamente vender acarajé era considerado como uma penitência para o povo candomblecista. "Era uma fase para as filhas-de-santo, que em um determinado momento da sua vida deveria ir pras ruas vender acarajé", conta a iaô, Marieta dos Santos. Antes eram apenas as mulheres que podiam vender acarajé, mas com o tempo e a necessidade esse dilema começou a ser colocado de lado. Nailton Santana, conhecido como Cuca do Acarajé, se diz "o primeiro baiano de acarajé do Brasil" e relata que "logo no início as baianas tinham ciúme, achavam que os homens iam tomar o lugar delas". Já Gregório do Acarajé, um dos mais famosos "baianos",vende acarajé há 18 anos e conta que sua mãe criou nove filhos dessa forma e hoje ele sustenta os seus da mesma forma.

Mas a história dessas que são consideradas patrimônio cultural não é só de prosperidade. Uma semana antes da comemoração, cerca de 40 baianas realizaram uma manifestação em frente à Prefeitura de Salvador, elas reivindicavam fiscalização da produção de acarajé e ajuda financeira para as comemorações do Dia da Baiana. Ainda antes dessa manifestação a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) havia suspendido a realização de eventos na Praça da Cruz Caída, local onde é localizado a Associação das Baianas de Acarajé e Mingau (Abam), mas uma liminar do Tribunal de Justiça da Bahia autorizou a Abam a realizar eventos no local. "A praça foi doada pelo prefeito há muitos anos, e 20 dias atrás os evangélicos queriam realizar um evento pago na área e a Abam recusou. Depois a Santa Casa da Misericórdia entrou com uma ação para tomar a posse da área, são muitas forças contrárias ao nosso reconhecimento. desabafa o Babaláxe Torres D'Ogum.

Mudanças
Apesar da tradição cultural que a baiana e o acarajé representam para a história do país, existe uma corrente evengélica que quer mudar o nome do acarajé, passando a chama-lo de bolinho-de-jesus. Essa descaracterização vem sendo provocada pelas baianas que abandonam o candomblé, aderindo as religiões evangélicas. “Percebemos uma forte mudança na tradição quando adeptas do candomblé se tornam protestantes. Mesmo professando uma nova crença, desejam manter sua fonte de renda. Para isso, decidem retirar todos os signos que liguem o quitute à religião africana, como a roupa branca, o turbante e as contas no pescoço. Desfiguram o ofício ao querer que o acarajé seja visto não como uma oferenda, mas apenas como uma refeição”, explica a antropóloga Gerlaine Martini. A venda de acarajé pelas baianas de tabuleiro foi declarado patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Mas não é só de acarajé que é composto o tabuleiro da baiana, também tem outras comidas de santo como abará, lelê, queijada, passarinha, bolo de estudante, cocada branca e preta.
“Eu desconheço que, em algum momento na história, Jesus Cristo tenha comido acarajé para que eles chamem de o bolinho de Jesus. O acarajé, até hoje, é uma oferenda a Iansã, pertence e sempre pertenceu aos orixás. Não podemos e nem queremos impedir quem quer que seja de vender acarajé. O que pedimos é que respeitem a história”, coloca Maria Leda Marques, presidente da Abam.

A História do Acarajé


Iansã, deusa dos ventos e das tempestades, é a senhora dos raios e dona da alma dos mortos. A ela são oferecidos os bolinhos feitos de feijão fradinho e fritos no azeite de dendê, o acarajé. Segundo a lenda, a deusa dos ventos, mulher de Xangô, foi a casa de Ifá, buscar um preparado para seu marido. Ifá entregou o encantamento e recomendou que quando Xangô comesse fosse falar para o povo. Iansã desconfiou e provou o alimento antes de entrega-lo ao marido, nada aconteceu, quando chegou em casa entregou o preparado ao marido, lembrando o que Ifá dissera, Xangô comeu e quando foi falar ao povo, começaram a sair labaredas de fogo da sua boca, Iansã ficou aflita e correu para ajudar o marido gritando Kawô Kabiesilé. Foi então que as labaredas começaram a sair da sua boca também. Diante do ocorrido o povo começou a sauda-los: Obá anlá Òyó até babá Inà, ou seja, grande rei de Oyó, rei de pai do fogo. Essa história do Candomblé explica o nome do acarajé, que vem do iorubá akárà (bola de fogo) e jè (comer).

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Ó, pai, ó - A serie


Depois de assistir o episódio da ultima sexta de “Ó, pai, ó” vou escrever um comentário. Aqui em Salvador a repercussão da serie foi grande, algumas exageradas que me fez concluir que levaram uma obra de teledramaturgia mais o sério do se deve, ainda mais uma comédia de costumes ambientada no Centro Histórico de Salvador. Não entendi, por exemplo, a citação no Jornal da Metrópole na seção “Não vá, não ouça, não compre”.

No Pelourinho a aceitação da serie é quase total, o que leva a conclusão da identificação dos moradores da região com o texto, como pôde ser visto na edição do Jornal da TV do Jornal A Tarde do dia 22 de novembro. Durante as gravações era comum ver a movimentação de figurantes voluntários nas cenas de festas e outras que exigiam a presença de muita gente, muitas vezes até atrapalhando os trabalhos.

O texto vai além da banalidade abordando até temas sérios de uma maneira leve como o mercado informal, prostituição, a pobreza do povo do Pelourinho e a falta de privacidade existente nessa cidade.

Reginaldo é o personagem mais representativo dos moradores do Pelourinho, é muito fácil esbarrar em um tipo daqueles nas ruas do Pelourinho. O Roque eu considero um chato, impressão reforçada pela interpretação politicamente correta do superstar Lázaro Ramos.

Acho que no final o saldo para o Pelourinho foi extremamente positivo, pois além de aquecer a economia da área durante as gravações ainda desperta o interesse de muita gente em conhecer ou retornar ao Centro Histórico de Salvador e para quem não está gostando, vai um conselho de Raul Seixas, é só apertar o botão para mudar de estação.

Gravando !

Homenagem do Olodum ao Rei do Pop, Michael Jackson no Largo do Pelourinho
São diversos vídeos feitos por quem passou e registrou o pelourinho, em seus diversos momentos, cheio de cores e estilos. Estamos pesquisando mais vídeos pela internet para aumentar nossa coleção. Contribua nos enviando uma sugestão >> pelopelourinho@gmail.com